sábado, 20 de fevereiro de 2016

O Homem E Os Seus Símbolos

"Nao importa o que sustentamos, a verdade é que nunca nos poderemos dissociar da existência da psique - pois estamos contidos nela e é ela o único meio que temos para alcançar a realidade.
Assim, a descoberta moderna do inconsciente fecha uma porta para sempre. Ela exclui definitivamente a ideia, defendida por alguns, de que um homem pode conhecer a realidade espiritual em si. Na física moderna, outra porta foi cerrada pelo "princípio da indeterminaçao" de Heisenberg, que destrói a ilusão de se poder compreender uma realidade física absoluta. A descoberta do inconsciente, no entanto, compensa a perda destas ilusões tao queridas, abrindo-nos um enorme inexplorado campo de realizaçoes no qual a investigaçao científica objectiva combina-se de modo novo e curioso com a aventura ética individual. Mas, como dissemos no início, é praticamente impossível transmitir a realidade total da nossa experiência neste novo campo. Ela é, muitas vezes, única e só pode ser expressa pela linguagem de modo parcial. E aqui também fecha-se uma outra porta, desta vez à quimera de que se pode entender completamente uma outra pessoa e dizer-lhe o que melhor lhe convém. Mais uma vez, no entanto, vamos encontrar uma compensaçao para esta lacuna no novo reino que se apresenta à nossa experiência graças à descoberta da função social do self, que trabalha secretamente para unir indivíduos que se acham separados e que foram feitos,  no entanto, para se entenderem.
O debate intelectual é, assim, substituído por acontecimentos significativos que se produzem na psique. é por isso que quando o indivíduo se entrega seriamente ao processo de individuaçao do modo que esboçamos acima ele vai adquirir uma orientação totalmente nova e diferente em relação à vida."

"Aqueles que se devem habituar a enfrentar a morte precisarão, talvez, reaprender a velha mensagem que ensina ser a morte um mistério para o qual nos devemos preparar com o mesmo espírito de submissão e humildade que precisamos ter para enfrentar a vida."

"Mas os ritos não oferecem invariável ou automaticamente esta oportunidade. Aplicam-se a determinadas fases da vida de uma pessoa, ou de um grupo, e se não forem apropriadamente compreendidos e traduzidos numa nova maneira de vida o momento pode escapar. A iniciação é, essencialmente, um processo que começa com um rito de submissão, seguido de um período de contenção a que se sucede um outro rito, o de liberação. Assim, todo indivíduo tem possibilidad e de reconciliar os elementos conflitantes da sua personalidade: pode chegar a um equilíbrio que o faça de fato um ser humano e também, verdadeiramente, o seu próprio dono."


Os Mitos Antigos E O Homem Moderno de Joseph L. Henderson em O Homem E Os Seus Símbolos de Carl G. Jung



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