quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Nada

"Nada, nem sequer o verão
Está completo. Menos ainda o colar
De sílabas que, desvelado,
Te ponho à roda da cintura.
Nunca me pediste mais, nunca
Te dei outra coisa.
Quando juntamos as mãos esquecemos
Que somos culpados da nossa inocência.
E sorrimos, alheios
Ao sol que declina, à estrela
Do norte que sabemos no fim.
O privilégio da vida é este
Silêncio musical que do teu olhar
Cai nos meus olhos
E regressa a ti acrescentado
Pela luz da manhã varrendo o mar."


Eugénio de Andrade

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