sexta-feira, 29 de junho de 2012

O Amor

"Estou a amar-te como o frio
Corta os lábios.

A arrancar a raiz
Ao mais diminuto dos rios.

A inundar-te de facas,
De saliva esperma lume.

Estou a rodear de agulhas
A boca mais vulnerável.

A marcar sobre os teus flancos
O itinerário da espuma.

Assim é o amor: mortal e navegável."


Eugénio de Andrade

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