"Não é a verdade que é sagrada, mas a procura da nossa própria verdade! Haverá acto mais sagrado do que a auto-inquirição? A minha obra filosófica, dizem alguns, está construída sobre areia: os meus pontos de vista mudam constantemente. Mas uma das minhas máximas é: transforma-te em quem és. E como descobrir quem e o que se é sem a verdade?"
"Conheci muitas pessoas que não gostam de si mesmas e tentam superar isso persuadindo primeiro os outros a pensarem bem delas. Feito isso, começam a pensar bem de si próprias. Mas essa é uma falsa solução, trata-se de uma submissão à autoridade dos outros. A sua tarefa é aceitar-se a si próprio, e não encontrar formas de obter a minha aceitação."
"Olhe mais profundamente e verá que o desejo sexual também é um desejo de domínio sobre todos os outros. O "amante" não é alguém que ama: pelo contrário, almeja a posse exclusiva da amada. O seu desejo é excluir o mundo inteiro de um certo bem precioso. É tão egoísta como o dragão que guarda o tesouro! Não ama o mundo; pelo contrário, é totalmente indiferente às outras criaturas vivas."
"Primeiro tenho de o ensinar a andar, e o primeiro passo para aprender a andar é entender que quem não obedece a si mesmo é regido pelos outros. É mais fácil, muito mais fácil, obedecer a outro do que comandar-se a si mesmo."
"Agora precisa de aprender a reconhecer a sua vida e a ter coragem de dizer "Foi assim que escolhi!" O espírito de um homem constrói-se a partir das suas escolhas."
"Nos últimos dias, apercebi-me de que a cura filosófica consiste em aprender a escutar a sua própria voz interior."
"Chama ferida à visão clara? Veja o que aprendeu Josef: que o tempo não se pode parar, que a vontade não tem poder para querer no passado. Apenas os afortunados captam tais verdades."
"Haverá uma receita para enrijecer a determinação? Chegou à percepção de que somos regidos, não pelo desejo divino, mas pelo desejo do tempo. Percebe que a vontade é importante contra o "assim aconteceu". Terei capacidade de lhe ensinar a transformar o "assim aconteceu" no "assim o quis"?
"Uma perspectiva cósmica atenua sempre uma tragédia. Se subirmos bastante, atingiremos uma altura da qual a tragédia deixará de parecer trágica."
"Muitas vezes, quando fico acordado de noite, com medo de morrer, recito para mim a máxima de Lucrécio: "onde está a morte não estou eu, onde estou eu não está a morte". Eis uma verdade com uma racionalidade suprema e irrefutável. Porém, quando estou verdadeiramente assustado, ela nunca funciona, nunca acalma os meus temores. Essa é a falha da filosofia. Ensinar filosofia e aplicá-la na vida real, são empreendimentos bastante diferentes."
"Amamos mais o desejo do que o ser desejado."
"Ambos acreditamos que Deus está morto. Ele conclui que uma vida sem Deus não faz sentido e é tamanho o seu tormento que o seduz a ideia do suicídio: por causa das dúvidas traz sempre consigo um frasco de veneno pendurado ao pescoço. Para mim, porém, a ausência de Deus é motivo de regozijo. Eu exulto a minha liberdade. Digo a mim mesmo: "O que haveria para criar se os Deuses existissem?" Percebeu o que quero dizer? A mesma situação, os mesmos dados dos sentidos... mas duas realidades!"
"O tempo não pode ser interrompido. É esse o nosso fardo mais pesado. O nosso maior desafio é viver, a despeito desse fardo."
"...conhece a expressão de Montaigne sobre a morte em que nos aconselha a viver num quarto com vista para um cemitério? Aclara a nossa mente - alega - e mantém as prioridades da vida em perspectiva."
"O paradoxo, o seu paradoxo, é que você se dedica à busca da verdade, mas não consegue suportar a visão da sua descoberta."
"Viva enquanto viver! A morte perde o seu terror quando se morre depois de consumida a própria vida! Caso não se viva no tempo certo, então nunca se conseguirá morrer no momento certo."
"O tiquetaque do seu coração marca o tempo que se esvai. A avidez do tempo é eterna. O tempo devora e devora, sem dar nada em troca. Que terrível ouvi-lo dizer que viveu a vida que lhe foi atribuída! E que terrível encarar a morte sem nunca ter reivindicado a liberdade, mesmo em todo o seu perigo."
"Para se relacionar plenamente com outro, precisa primeiro de se relacionar consigo mesmo. Se não conseguimos abraçar a nossa própria solidão, usaremos simplesmente o outro como um escudo contra o isolamento. Só quando se consegue viver como a águia, sem absolutamente qualquer público, se consegue voltar para outra pessoa com amor; só então se é capaz de preocupar com o engrandecimento do outro ser humano."
Irvin D. Yalom em Quando Nietzsche Chorou
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