"Todos os poemas são feitos
Com o ouro das horas disponíveis
Depois de penteado o poeta
Das suas partes mais sensíveis
Extrai um vapor de tristeza.
E com essa matéria forma
A melancólica gentileza
De um hóspede a quem afaga
As mãos debaixo da mesa.
Fazer poemas enquanto se mata
Durante a cópula quando faminto
Esses nunca os vi fazer.
A poesia é sempre em vez
Mênstruo de alma uma vez por mês
Sangrenta flor abortada
Da natureza infecundada."
Natália Correia
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