quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Poema Sáfaro

"Todos os poemas são feitos
Com o ouro das horas disponíveis
Depois de penteado o poeta
Das suas partes mais sensíveis
Extrai um vapor de tristeza.

E com essa matéria forma
A melancólica gentileza
De um hóspede a quem afaga
As mãos debaixo da mesa.

Fazer poemas enquanto se mata
Durante a cópula quando faminto
Esses nunca os vi fazer.

A poesia é sempre em vez
Mênstruo de alma uma vez por mês
Sangrenta flor abortada
Da natureza infecundada."


Natália Correia

Nenhum comentário:

Postar um comentário